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da poesia
Com a prática, é possível: habituas-te a contar os tempos onde oscilam os ritmos e cor das palavras - ainda que estejas de esfregona na mão.
Olhas através da sujidade baça da vidraça - e há um escaravelho, talvez brilhante, talvez pactuante, que exige a tua desmesurada atenção.
Aplicas-te em receber os convidados — mas os diálogos assimilam-se num imprevisível monólogo interno e sonoro, com mais paladar do que o jantar, que jaz inerte e frio - enquanto a tua cabeça aquece.
Este é o meu universo: uma poética autobiografia das pequenas-grandes coisas do quotidiano. Porque, num mundo tão agressor em certezas, faz parte da minha higiene mental cultivar a perplexidade.
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